Relatório analisa impactos do expansão do agronegócio na região do Matopiba
A ActionAid – organização que compõem a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, e a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos lançaram o relatório “Impactos da expansão do agronegócio no MATOPIBA: comunidades e meio ambiente”. O objetivo do documento é trazer ao público os impactos sofridos pelo meio ambiente e pelas comunidades que vivem na região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), com especial atenção aos conflitos e violências a que são submetidas as comunidades, entre elas indígenas e quilombolas.
A região do Matopiba abrange 337 municípios e 31 microrregiões, ocupando um total de 73 milhões de hectares, que abriga uma população de 25 milhões de habitantes. Estão dentro desta região 28 Terras Indígenas, 42 unidades de conservação ambiental, 865 assentamentos rurais e 34 territórios quilombolas. Nestes dados, não estão contabilizados os territórios dos povos indígenas e quilombolas que estão em processo de reconhecimento, delimitação, demarcação ou titulação.
“A expansão da fronteira agrícola e pecuária no Cerrado brasileiro, nas últimas quatro décadas, já levou à perda total ou à degradação de 52% do bioma, colocando prementes ameaças para seu futuro e para as formas de vida tradicionais de seus habitantes. Desde a década de 1970, atividades intensivas e extensivas como a pecuária e as monoculturas de soja, cana-de-açúcar e eucalipto, têm levado a intenso desmatamento e degradação dos solos, mudando de forma dramática a paisagem, as interações ecológicas intra e extrabioma e alterando de forma igualmente abrupta a vida das comunidades tradicionais do Cerrado. Adicionalmente, a produção de carvão vegetal no Cerrado tem impactos severos sobre o meio ambiente, ao agudizar o desmatamento para alimentar a demanda da indústria siderúrgica brasileira. Tudo isso sem contar que, no Cerrado, há também grandes projetos de mineração e barragens, fazendo com que aproximadamente dez pequenos rios sequem a cada ano” (trecho do relatório).
A publicação traz a caracterização socioambiental do Cerrado, incluindo os povos que vivem nessa região. Além disso, faz uma análise histórica da expansão da agricultura desde a segunda metade do século XX.