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No dia da Biodiversidade, mulheres do Cerrado debatem modos de vida e resistências nos territórios

Transmissão faz parte da série de lives ‘’Bate-papos: Saberes dos Povos do Cerrado e Biodiversidade’’

No dia 22 de maio, data que marca o Dia Internacional da Biodiversidade, a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado inicia a série de transmissões virtuais ‘’Bate-papos: Saberes dos Povos do Cerrado e Biodiversidade’’, realizada em parceria com o Observatório De Olho nos Ruralistas. O episódio de estreia será transmitido às 16h e apresentará o tema ‘’A força das Mulheres do Cerrado: Raizeiras e Quebradeiras’’, contando com a participação de representantes de entidades e movimentos que integram diferentes frentes da luta por direitos em territórios do Cerrado.

O primeiro episódio da série jogará luzes para os modos de vida e as formas de resistência das mulheres quebradeiras de coco-babaçu e das raizeiras do Cerrado. Aparecida Vieira e a quilombola Lucely Morais, mestras em Saberes Tradicionais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade de Brasília (UnB), respectivamente, representarão as raizeiras na roda de diálogo. Ambas fazem parte da coordenação da Articulação Pacari, uma rede socioambiental formada por organizações comunitárias que praticam medicina tradicional através do uso sustentável da biodiversidade do Cerrado.

O time das quebradeiras de coco-babaçu contará com a participação de Socorro Teixeira, do Tocantins, presidente da Rede Cerrado e parte da Coordenação do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco-babaçu (MIQCB), e Helena Gomes, do Piauí, vice coordenadora do MIQCB. Maria Emília Pacheco, da FASE e da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), integrará o bate-papo como debatedora juntamente com Valéria Santos, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da coordenação executiva da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, que facilitará a roda de diálogo.

Guardiãs e guardiões de saberes tradicionais

Os povos do Cerrado são herdeiros e operacionalizam saberes ancestrais e tradicionais que guiam, há inúmeras gerações, o manejo das matas e paisagens, que fazem dessa rica savana uma das regiões mais biodiversas do planeta. “Se ainda há Cerrado em pé é porque esses povos estão com os pés no chão do Cerrado. É por isso que não existe defesa do Cerrado sem a defesa dos territórios do Cerrado, onde esses povos conservam a biodiversidade por meio de seus modos de vida’’, afirma Valéria Santos, da coordenação executiva da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado.

O amplo aproveitamento da palmeira do coco-babaçu pelas quebradeiras do Maranhão até o Mato Grosso (passando pelo Pará, Piauí, Tocantins e chegando até a Chiquitania na Bolívia) depende de um conjunto de saberes passado entre mulheres ao longo de muitas gerações. Através desses múltiplos usos, a “mãe-palmeira”, como dizem as quebradeiras, traz alimento e sustento para milhares de famílias do nosso Cerrado.

Apesar disso, muitas vezes as quebradeiras têm que lutar contra grandes proprietários que querem derrubar as palmeiras e impedir o acesso delas aos babaçuais. Tudo isso as levou a se organizar no MIQCB para conseguir “libertar o coco” e se fortalecerem na produção e comercialização.

Outro saber tradicional dos povos do Cerrado é o do uso das plantas medicinais que compõem a “Farmacopeia Popular do Cerrado”. As raizeiras e raizeiros são reconhecidos em suas comunidades pela prática de diferentes ofícios de cura a partir da aplicação de variedades de plantas, raízes, frutos, argilas e seus preparados. ‘’A criminalização e depreciação da importância biocultural dessas práticas levou as raizeiras a se organizarem na Articulação Pacari e a lançarem o Protocolo Biocultural das Raizeiras do Cerrado, buscando defender seu direito de praticar a medicina tradicional’’, afirma Valéria.

Não bastasse a falta de reconhecimento da importância de suas práticas para a diversidade cultural e biológica do Cerrado, as quebradeiras e as raizeiras ainda têm enfrentado a ameaça de um novo tipo de roubo e cercamento: a apropriação por empresas do patrimônio genético do qual são guardiãs.

Programação

A série de bate-papos ‘’Saberes dos Povos do Cerrado e Biodiversidade’’ realizará a transmissão de diálogos centrados nas populações que promovem a conservação da biodiversidade do Cerrado: indígenas, quilombolas e os povos e comunidades tradicionais da região. Com dois episódios previstos por mês, a série acontecerá até o mês de agosto.

Nesse momento de pandemia por conta do coronavírus, Aparecida Vieira destaca a importância da iniciativa de visibilizar o trabalho das mulheres raizeiras nos territórios. ‘’Precisamos anunciar que os trabalhos das mulheres guardiãs dos saberes tradicionais não foram interrompidos nesse momento que vivemos. Pelo contrário, é um trabalho fundamental para a saúde das comunidades’’, destaca a raizeira.

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Serviço:

Debate virtual ‘’ A força das Mulheres do Cerrado: Raizeiras e Quebradeiras’’

Data/horário: 22 de maio, às 16h (horário de Brasília)

Canal de transmissãowww.facebook.com/campanhacerrado

Realização: Campanha Nacional em Defesa do Cerrado

Parceria: Observatório De Olho nos Ruralistas

Contato de Imprensa:

Bruno Santiago

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+55 011 99985 0378