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Comunidades Ribeirinhas do rio Paraopeba atingidas pelo crime da Vale S/A fazem manifesto na prefeitura de Curvelo (MG)

Ontem, 13 de setembro, cerca de 50 moradoras e moradores das comunidades Cachoeira do Choro e Fazendinhas do Paraopeba realizaram protesto na prefeitura do município de Curvelo, em Minas Gerais. As comunidades, localizadas nas margens do Rio Paraopeba, foram de forma muito violenta atingidas pelo crime/tragédia da mineradora Vale S/A em conluio com o Estado. Questões como acesso à água, saúde e outros serviços públicos, estão seriamente agravados após o crime da mineradora. A contaminação do rio Paraopeba pelo rompimento da barragem de rejeitos causou danos gigantescos às comunidades, que têm seu modo de vida ligado ao rio.

Indignadas com tanto desrespeito e sofrimento, o objetivo das comunidades com a manifestação era denunciar publicamente os crimes, pedir uma audiência com o prefeito e entregar ofícios à prefeitura municipal de Curvelo, COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), Secretaria de Saúde e CEMIG. A falta de acesso à água pelas comunidades, segundo os manifestantes, é extremamente grave. São várias violações de direitos fundamentais de grupos atingidos pelo crime da Vale desconsiderados nos acordos.

Graças à manifestação que realizaram, os moradores e moradoras das comunidades foram recebidos por uma equipe da prefeitura de Curvelo, onde estava o vice-prefeito da cidade, Gustavo Nascimento, e também um membro da COPASA. Ficou decidido que no próximo dia 22/09, às 15hs, membros da comunidade vão se reunir com a prefeitura e a COPASA. Os moradores não foram recebidos pelo secretário de Saúde, mas ficou marcado para o mesmo dia 22/09, às 13:30, uma reunião para que a comunidade entregue o ofício em mãos ao secretário. De acordo com uma das moradoras presentes no protesto, o vice-prefeito e o membro da COPASA "não viam motivos para a manifestação, mas eles não estavam respondendo nem a e-mails ou ofícios."

Ainda na tarde de ontem, os manifestantes foram acolhidos na Câmara de Vereadores, e fizeram uso da tribuna livre para expor os motivos da manifestação. 

Acordos e arranjos sem participação popular

Os acordos entre Vale e órgãos do Estado, e agora o recente acordo entre Assembleia Legislativa e Governo Zema – todos sem a participação popular –, não trouxeram nenhuma melhoria para as famílias que vivem nestas localidades. Ao contrário, mais insegurança e sentimento de desrespeito aos atingidos/as.

O governo de Minas Gerais construiu um arranjo político institucional que “legalizou” o uso de 11 bilhões de reais do valor total do acordo injusto entre Vale, Governo de Minas, MPE, MPF e DPE. Entre a Assembleia Legislativa e o Governador de MG, Romeu Zema, um acordo para “distribuir” a todos os municípios de Minas 1,5 bilhões de reais. No último dia 30 de agosto, o governador Zema assinou a ordem de pagamento da primeira parcela.

Nenhum diálogo da prefeitura para aplicar dinheiro

No caso do município de Curvelo, a prefeitura não fez nenhum tipo de diálogo com as comunidades para a aplicação do dinheiro. Nesse sentido, a população luta para garantir alguma melhora. Muitos oportunistas em Minas Gerais, liderados pelo Governador Zema, querem capitalizar eleitoralmente a partir do sofrimento dos milhares de vítimas deste cruel e brutal crime da Vale em conluio com o Estado. 

As comunidades reivindicam acesso à água de qualidade e em quantidade suficiente, melhorias na saúde, na infraestrutura de estradas e energia elétrica, transporte, coleta de lixo, regularização fundiária, obras de saneamento básico e projetos de turismo e economia solidária, além de melhorias na educação.


 Informações CPT MG e comunidades Cachoeira do Choro e Fazendinhas do Paraopeba. Imagens: Comunidades

Povos e comunidades, Águas, Conflitos