Pesquisa sobre juventudes rurais do Bico do Papagaio, no Tocantins, tem lançamento nesta quinta (15)
Diagnóstico entrevistou 245 jovens do extremo norte do estado do Tocantins e revelou que juventudes rurais querem ficar no campo, mas falta a efetivação de políticas públicas.Quais são os sonhos das juventudes em relação à sucessão do trabalho e a vida no campo? Jovens rurais do extremo norte do Tocantins conheceram mais da sua própria realidade através da participação e da construção do Diagnóstico das Juventudes Rurais do Bico do Papagaio. O resultado da pesquisa será lançada em um vídeo animado e uma cartilha, no próximo dia 15 de outubro, a partir das 19h, na internet no endereço: http://bit.ly/youtubeapato
A agricultura é atividade principal no território do Bico do Papagaio. “Há muito tempo as organizações e os movimentos sociais do território têm a preocupação da sucessão rural. No trabalho com as juventudes, buscamos dados, mas o que conseguimos eram mais nacionais, não tínhamos informações da região. Então, achamos que era pertinente entender melhor as juventudes do Bico, o que estavam pensando, quais seus desafios. E isso motivou a fazer o diagnóstico”, explica Selma Yuki Ishii, coordenadora do projeto Juventudes e Agroecologia em Rede, executada pela APA-TO.
O diagnóstico levantou e analisou informações relativas às condições e modos de vida das juventudes, com o objetivo de também encontrar lacunas e potencialidades para a construção de estratégias de ação para e com as juventudes rurais. Participaram 245 adolescentes e jovens quebradeiras de coco babaçu, quilombolas, assentados e assentadas da reforma agrária, agricultores familiares e sem terra. Além de mães, pais e familiares dos jovens, professores da Escola Família Agrícola Padre Josimo e lideranças de organizações e movimentos sociais e ligadas às juventudes. O trabalho coordenado pela APA-TO, o GT das Juventudes Rurais, a Rede Bico Agroecológico e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), com o apoio da agência de cooperação alemã Misereor.
Para Jorge Luís Roberto Lima, de 23 anos, do acampamento Padre Josimo, em Carrasco Bonito, o processo de construção do diagnóstico foi um grande aprendizado. “Com pesquisa a gente pode conhecer mais a realidade das outras juventudes porque cada território é uma experiência diferente. E percebemos que a gente tem algo muito em comum que é enfrentar as dificuldades aos acessos aos direitos e as políticas públicas”, afirma o jovem, que também é estudante de serviço social, integrante do GT das Juventudes Rurais do Bico e militante do MST.
Diagnóstico
A maior parte dos jovens entrevistados são de famílias que trabalham na terra e se revelaram grandes defensoras e disseminadoras da agroecologia. No entanto, a maioria não sente que seu trabalho é reconhecido e valorizado e muitas vezes é considerado apenas uma ajuda para a família. Entre as juventudes rurais do Bico do Papagaio existe um forte desejo de permanecer no campo, representando 72% dos entrevistados. Ainda, 18% afirmaram não saber se desejam ou não permanecer; e somente 10% afirmaram não querer ficar no meio rural.
E na voz das próprias juventudes, o que contribui para permanência no campo são o sentimento de pertencimento, poder participar dos espaços de decisão, melhorar a relação entre jovens e adultos, a maior aceitação por parte dos pais, avós e lideranças dos interesses dos jovens, melhores condições de vida com políticas públicas, escoamento da produção, cursos de agroecologia, renda própria, maior controle sobre o próprio tempo, acesso à terra e espaços de lazer.
Lançamento
Todo o resultado do diagnóstico foi sistematizado em um vídeo e uma cartilha, com a técnica da relatoria gráfica, com o objetivo de contribuir para a partilha desse conhecimento sobre a realidade local com outros jovens. O lançamento será na internet, ao vivo, aberto ao público, no Encontro de Lançamento da Pesquisa sobre as Juventudes Rurais do Bico do Papagaio, e contará com a participação de jovens do GT das Juventudes Rurais do Bico do Papagaio e das organizações realizadoras. “Vamos construir o encontro esperando ter a maior participação de pessoas possíveis, e especial dos jovens. Vamos fazer de uma forma dinâmica e que seja inclusiva, que dê pra todo mundo se sentir no momento, tentando reproduzir o máximo como se fosse no presencial”, explica Jorge Luiz, uma das vozes que narra o vídeo.
Fonte / Imagens: APA-TO
Juventude, Povos e comunidades, Soberania alimentar e agroecologia