Savana e Cerrado
Você sabia que o Cerrado, a savana brasileira, e as savanas africanas têm algumas semelhanças entre si?
A principal não é biológica ou cultural, mas sim política: as savanas do mundo são alvo do agronegócio, que atua de forma similar para expandir a fronteira agrícola a partir da atração de grandes investimentos e programas e subsídios governamentais.
Os povos tradicionais que vivem nesses territórios enfrentam um modelo de produção de larga escala que concentra a posse e propriedade da terra, contamina solos e águas e provoca perda de biodiversidade, causando conflitos ambientais e agrários. Há portanto uma disputa inconciliável entre modelos, porque essas populações realizam uma agricultura com base em seus modos de vida, cuja tradição e destino estão enraizados no território. É um modo de produção determinado pelas necessidades dos povos e não pelos mercados internacionais. Esse modo é o oposto do que o agronegócio tenta impor: pacotes tecnológicos que utilizam agrotóxicos, maquinário e sementes transgênicas.
O Cerrado brasileiro foi transformado em fronteira agrícola para o agronegócio sobretudo a partir da década de 1970, sendo que esse avanço foi intensificado nos últimos 15 anos. Esse modelo de expansão tem usurpado os recursos naturais – agravando os conflitos ambientais, expulsando os povos tradicionais e camponeses e causando mais exclusão social. Um modelo parecido tem sido projetado para as savanas de Moçambique. Mas, assim como no Brasil, as populações tradicionais moçambicanas têm se unido e resistido dizendo Não ao Pró-Savana, assim como aqui no Brasil dizemos Não ao Matopiba.
O verdadeiro desenvolvimento deve privilegiar os povos e o meio ambiente, fortalecendo suas culturas e modos de vida.