Comunidades de Fundo de Pasto
O pastoreio segue como base da subsistência de muita gente que vive na Caatinga e no Cerrado. Comunidades que, unidas por laços de compadrio e parentesco, usufruem de áreas sem cercamento de forma compartilhada. Esses pedaços de terra atrás das roças das famílias são chamados de fecho e fundos de pasto.
Nos fundos de pasto, os animais se alimentam da própria vegetação nativa. São alguns bovinos e ovelhas, mas principalmente cabras e bodes. A resistência às estiagens e a adaptação alimentar aos produtos da Caatinga e do Cerrado fazem deles os preferidos. Comunidades que se organizam em fundos de pasto estão presentes num amplo espectro da Região Nordeste – perpassando, por exemplo, Pernambuco e Piauí. É na Bahia, porém, onde tais grupos têm maior visibilidade.
Juntamente com quilombolas, seringueiros, ciganos e quebradeiras de coco, entre outros, as comunidades de fundo de pasto são um dos 14 grupos com assento na Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – criada pelo governo federal para articular políticas de apoio e reconhecimento às diferenças no Brasil.
A dificuldade de reconhecimento fundiário oficial e a falta de políticas públicas adequadas ameaçam o futuro das famílias, que precisam resistir às investidas de grileiros, dos pecuaristas e do agronegócio que tentam adentrar os territórios. Em diversos estados, brotam histórias de resistência de homens e mulheres para permanecer nas suas casas, nas suas terras, com seus animais e plantações. E mais, resistem de forma organizada, através de associações, para existir em comunidade e para terem sua identidade respeitada.