URGENTE: Lideranças Guarani relatam ameaças de pistoleiros que pressionam por arrendamento de terras no Mato Grosso do Sul
Na noite do último sábado, 21 de maio de 2022, lideranças da Comunidade da Terra Indígena de Yvy Katu, localizada no município de Japorã (MS), sofreram ameaças de homens armados que pressionam as famílias do Povo Guarani Nhandeva à ceder suas terras para arrendamento - prática criminosa incentivada pelo governo Bolsonaro e autoridades locais do Mato Grosso do Sul.
A área do iminente conflito foi retomada pela comunidade em 2013 e, desde então, é moradia de famílias que historicamente colocaram sua própria vida em risco para garantir o direito originário ao seu território. Kunha Poty é uma das lideranças que tem denunciado há tempos as invasões ao seu território por conta da pressão exercida pelos latifundiários que buscam por arrendamentos. A liderança pede insistentemente ajuda das autoridades locais por conta das ameaças sofridas.
A situação piorou depois que um conjunto de famílias da Comunidade Yvy Katu denunciou, durante a Aty Guasu, Grande Assembleia dos povos Kaiowá e Guarani e que foi realizada entre os dias 17 e 21 de maio em Guaimbé (MS), o arrendamento de terra para o plantio de monocultivos de soja.
As lideranças relatam que, enquanto estavam no evento de seu povo, a mata nativa da área foi derrubada, lavrada para o arrendamento e os insumos agrícolas foram estocados na terra em que vivem as famílias indígenas. Segundo o relato das lideranças, dezenas de caminhonetes de fazendeiros estariam circulando ao redor das casas, efetuando disparos com armas de fogo e ordenando a expulsão das famílias.
Ainda segundo as lideranças, paraguaios, entre eles um identificado como Pedro Alvorada, estariam entre o grupo armado e efetuando ameaças. Uma das ameaças verbais proferidas às família indígenas que vivem no território segundo descreveram as lideranças locais foi: "Se vocês não aceitarem o plantio serão mortos".
O Conselho Indigenista Missionário no MS destaca que a situação é de extrema tensão e perigo, e que as autoridades têm o dever de proteger as lideranças ameaçadas e investigar as ameaças e invasões na terra indígena. O acesso à comunidade, que se dá pela rodovia MS 386 que foi recentemente asfaltada, oferece possibilidade de ataques as famílias- fato que exige ação protetiva urgente destas famílias indefesas.
Campo Grande, 21 de maio de 2022
Conselho Indigenista Missionário - Mato Grosso do Sul
Imagem: Comunidade Yvy Katu