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Latifundiários derrubaram cruzes e tornos de túmulos para plantar soja em cemitério quilombola

No úlitmo dia 7 de maio de 2023, lideranças do Território Quilombola Cocalinho, em Parnarama, Maranhão, fizeram vídeos e fotos denunciando a ação de empresários do agronegócio que utilizaram tratores e correntão para retirar eucaliptos plantados pela Suzano Papel e Celulose dentro do cemitério ancestral do território. Na ação, os latifundiários destruíram tornos e cruzes de túmulos de homens e mulheres quilombolas enterrados no cemitério ancestral. Segundo Leandro dos Santos, liderança quilombola e comunicador popular do território, a derrubada aconteceu para que o monocultivo do eucalipto dê lugar ao monocultivo da soja, do milho e do sorgo que agora são explorados na região.

A violação dos túmulos do cemitério quilombola de Cocalinho não foi a primeira violência registrada pelos moradores. Segundo Leandro dos Santos, quando a Suzano Papel e Celulose, entre 2010 e 2011, implantou sobre as terras de Cocalinho mais de seis mil hectares de eucalipto, o plantio foi feito ao redor e sobre o cemitério, impedindo que a comunidade continuasse enterrando seus mortos ali. Em 2022 o site Intercept Brasil produziu um mini-documentário sobre as violações da Suzano contra os quilombolas da região. 

Outros dois cemitérios tiveram que ser construídos, mas, segundo Leandro, os quilombolas continuaram fazendo suas obrigações religiosas e de respeito aos ancestrais no cemitério antigo, levando flores e acendendo velas para seus parentes enterrados ali, conforme a tradição da comunidade. Agora, com esta nova agressão, mais uma violação se abre como uma ferida sobre a memória e o corpo dos quilombolas de Cocalinho, que se veem acossados em seu próprio território pela devastação provocada por empresários do agro - começando pela Suzano - que não respeitam direitos nem dos vivos e nem dos mortos.


 Fotos e vídeos: Leandro dos Santos

Povos e comunidades, Conflitos