Produção agroecológica de sabão líquido destaca autonomia de mulheres camponesas do Bico do Papagaio (TO)
A produção e venda de azeite de coco babaçu e sabão líquido geram renda familiar e solidariedade em meio à pandemia .
Desde o início da pandemia as mulheres camponesas têm se destacado na produção agroecológica ao lado de suas famílias e dos jovens das comunidades rurais. Azeite de babaçu, farinha, arroz, feijão, farinha branca e puba, tapioca, macaxeira, inhame, polpas de frutas nativas, amendoim, abóbora, laranja, banana e massa de puba foram produzidos para compor 1200 cestas básicas agroecológicas doadas para as famílias em situação de vulnerabilidade social neste período de pandemia.
A ação de solidariedade mobilizou uma segunda atividade de ajuda às famílias: as mulheres agricultoras produziram materiais para compor os kits de higiene e limpeza, que serão doados neste mês de agosto. Elas têm se esforçado para manter a produção agroecológica nesse período de pandemia e, além de fazerem as inúmeras atividades domésticas, procuram manter, nesse período, o trabalho de produzir e comercializar produtos agroecológicos, com o objetivo de garantir que os alimentos saudáveis e os materiais de proteção cheguem às famílias do campo e da cidade.
Produção e depoimentos
Com a parceria da APA-TO e a Rede Bico Agroecológico, as quebradeiras de coco produziram 720 litros de sabão líquido e 1041 máscaras para compor os kits de higiene, proporcionando às mulheres quebradeiras de coco autonomia financeira, valorização do seu saber e fortalecimento do vínculo de solidariedade entre o campo e a cidade.
“Eu sou Conceição, moro aqui na comunidade Sumaúma, povoado do município de Sítio Novo, estamos embalando o sabão líquido que a gente já vem fazendo. Esse trabalho é um meio que a gente encontrou de se inserir no mercado, ainda com muita dificuldade, mas é uma forma da gente estar ajudando as outras famílias e comunidades no combate ao Covid-19”.
Ela explica que o sabão líquido é feito com azeite de babaçu, e que misturam com a soda cáustica e álcool. “É uma forma da gente aumentar a nossa renda familiar. Nós precisamos reconhecer que, como nós somos agricultoras familiares, precisamos viver daquilo que a gente produz, mas também é uma alternativa para superar esse momento de pandemia. É uma forma também de estar levando o nosso trabalho às outras pessoas que ainda necessitam mais da contribuição e da cooperação e solidariedade de outros”.
“Fizemos esse sabão, e em seguida faremos a doação dos kits de higiene para as famílias. Porque vai servir para lavar as máscaras, lavar bem as mãos e assim contribuímos para que todo mundo viva bem porque essa epidemia é coisa muito ruim. Mas nós estamos juntos, e todo mundo junto, venceremos toda essa tribulação. Por isso eu me sinto muito feliz de poder contribuir com esse produto que vai um pouquinho para cada família, e de cada coisa que aprendi no dia a dia com cada família aqui no povoado”, reforça a quebradeira de coco, Maria do Socorro Cardoso Conceição, moradora do Povoado Grotão, município localizado em Axixá (TO).
A Maria Socorro, participante da Associação de Moradores, ressalta que sempre trabalhou contribuindo nessa comunidade e para ela é um prazer realizar atividades agroecológicas que ajude mais famílias nessa pandemia. “Já tem 36 anos que moro aqui. Sou muito feliz e o que eu puder fazer eu vou fazer para contribuir com cada um nessa comunidade, e pelas outras comunidades também”.
Texto e imagens: Assessoria de Comunicação da APA-TO