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Retrospectiva de ações e atividades no Cerrado em 2020

Sabemos que o ano de 2020 não foi um ano fácil. Mas gostaríamos de celebrar a perseverança e a capacidade de nos reinventar enquanto coletivo que demonstramos ter. Nesse sentido queremos fazer uma retrospectiva e relembrar algumas atividades da Campanha no ano que se passou:

Bem no início da pandemia realizamos a pesquisa Primeiras reflexões sobre a situação das comunidades do Cerrado frente à pandemia do coronavírus, que também evidenciou as ações de solidariedade que estavam sendo conduzidas pelas redes e organizações no Cerrado. 

Organizamos uma série de bate-papos virtuais sobre os "Saberes dos Povos do Cerrado e Biodiversidade", com a participação de lideranças de povos indígenas e comunidades quilombolas, quebradeiras de coco, raizeiras, geraizeiras, fechos de pasto, apanhadoras de flores sempre-vivas, retireiras, pantaneiras e pescadoras artesanais, bem como assessoras e assessores desses povos e pesquisadoras/es aliadas/os. Aprendemos muito com esses diálogos. 

Articulamos um processo de ampla colaboração na feitura de uma série de artigos no Le Monde Diplomatique Brasil a partir dos bate-papos e publicamos o livro "Saberes dos Povos dos Cerrados e Biodiversidade". Recebemos tantas mensagens de pessoas que se encantaram com o livro.

A Campanha também tratou do tema do livro em episódio especial do Guilhotina, o podcast do Le Monde Diplomatique Brasil, e de outros assuntos importantes para os povos e comunidades tradicionais da região. 

Lançamos este novo site da Campanha! Essa era uma vontade nossa há um tempo e conseguimos concretizar esse ano. Você já navegou um pouco? Está lindo e repleto de informações sobre os povos do Cerrado, seus saberes e lutas. 

Realizamos o Encontro Virtual das Mulheres do Cerrado, com o tema “Mulheres do Cerrado construindo resistências”, no qual mais de 100 mulheres de territórios quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco, retireiras do Araguaia, geraizeiras e tantas outras debateram sobre  “Capitalismo, patriarcado e machismo, racismo e etnocentrismo como estruturante da realidade social".

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A Campanha se engajou ativamente na Articulação em defesa dos povos e territórios do Pantanal, Cerrado e Amazônia diante do desmatamento e queimadas, que realizou as ações #AgroÉfogo: uma carta pública assinada por diversas entidades, aprovação pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) resolução nº 42, de 27 de outubro de 2020, com recomendação aos governos estaduais e federal sobre as queimadas na Amazônia, Cerrado e Pantanal e projetações de denúncia em diversas capitais brasileiras.

Em 2020, os grileiros e desmatadores não entraram em quarentena e os conflitos seguiram em muitos territórios, como pudemos acompanhar nas ações de resistência da comunidade tradicional pesqueira de Cajueiro e da comunidade quilombola Cocalinho, no Maranhão, com a luta dos indígenas na Bacia do rio Formoso no Araguaia tocantinense, das comunidades tradicionais no Sul do Piauí, e na resistência das comunidades quilombolas do Jalapão contra a reabertura do turismo. Seguimos acompanhando esses e outros conflitos e resistências dos povos do Cerrado a partir do chamado dos territórios.

Algumas organizações membro organizaram atividades e séries virtuais em parceria com a Campanha que trouxeram novos aprendizados:

- A ActionAid lançou em parceria com a Campanha a série Giro pelo Cerrado, que traz relatos dos territórios sobre os modos de vida e sua relação com a biodiversidade no Cerrado.

- A ActionAid organizou em parceria com a Campanha, AATR, CPT, ISPN, MPA e Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, duas Oficinas virtuais sobre Direitos Territoriais: História da legislação fundiária e luta pela terra no Brasil; e Reforma Agrária no Brasil e Direitos Territoriais dos Povos Indígenas e Tradicionais.

- A CPT lançou em parceria com a Campanha a Websérie “Povos do Cerrado”, que apresenta saberes ancestrais, modos de vida, riquezas dos povos e comunidades tradicionais do Cerrado, além das ameaças enfrentadas por estes. O primeiro vídeo está disponível e a série continua.

Algumas organizações da Campanha também organizaram atividades e séries virtuais nas quais a defesa do Cerrado tem/teve grande importância: a Websérie da CESE (R)Existências no Cerrado, a Semana Agroecológica da Articulação Tocantinense de Agroecologia (ATA), a Semana da Terra e das Águas Padre Josimo (TO), o programa de áudio do ISPN ''Canto da Coruja: Comunidade'', e o “Podcast: Aqui é o meu lugar”, da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.

A Campanha também organizou, em parceria com o Grupo Carta de Belém, uma cartilha que demonstra as falácias do discurso "ambiental" da ministra da Agricultura: Jogo dos 7 erros da Entrevista da Ministra Teresa Cristina

Algumas organizações da Campanha lançaram importantes publicações que vale muito à pena conhecer:

- A APA-TO lançou a pesquisa sobre Juventudes Rurais no Bico do Papagaio (TO), um diagnóstico a partir da entrevista a 245 jovens do extremo norte do estado do Tocantins, que revelou que as juventudes rurais querem ficar no campo, mas falta a efetivação de políticas públicas.

- A AATR lançou o estudo Legalizando o Ilegal que analisa a flexibilização das legislações fundiária e ambiental dos quatro estados do Matopiba, processos de que viabilizam o avanço da grilagem.

- A CPT lançou o novo número da Revista Cerrados, apresentando os diversos impactos na biodiversidade do Cerrado e nos territórios onde vivem seus povos ocasionados pelo uso intenso de agrotóxicos pelo agronegócio nas lavouras de soja, milho, cana-de-açúcar, algodão, entre outras monoculturas.

- A GRAIN, AATR, CPT e a ABRA lançaram o Caderno de Estudos - Mudanças atuais das Leis de Terras: do golpe político ao golpe fundiário, com o objetivo de subsidiar a atuação nos territórios acompanhados pelas organizações e movimentos de luta pela terra, para assim contribuir no enfrentamento às novas investidas legais contra as terras públicas e os assentamentos de reforma agrária, potencializadas pela edição da Lei 13.465/17.

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Para esse ano de 2021 que se inicia, reafirmamos: É tempo de esperançar!


 Imagem: Andressa Zumpano

Povos e comunidades, Desmatamento e queimadas, Conflitos